quarta-feira, 27 de julho de 2011

O sufixo ismo da pós-modernidade

Quem nunca ouviu alguém criticando a rapidez com que as relações se dissipam na contemporaneidade? Sempre aquele discurso de “no meu tempo as coisas não eram assim”, ou então “antigamente era diferente, não havia tantos divórcios, os casais ficavam juntos até o fim da vida”. Pode até ser, mas antigamente a mulher era mais oprimida, submissa ao homem e ao casamento. Casamentos eram arranjados entre famílias, buscando-se a manutenção do status social e a continuação da segregação social, da divisão por raças, classes.
A mulher vem conquistando seu lugar no mercado de trabalho e vem continuamente dando seu grito de liberdade em busca da horizontalidade de direitos. Os homens vêm quebrando tabus em relação a gênero. Quem disse que homem não chora?
O "x" da questão é que hoje a sociedade está mais aberta para intervenções e manifestações de diferentes tipos de subjetividade. É claro que muita coisa ainda precisa ser feita. No nível em que estamos ainda existe homofobia, olha que ridículo. Entretanto nos foi dada a possibilidade de experimentar o nosso caráter ativo como construtores de nossa história. Olha quanta coisa aconteceu no último século. O homem é ativo, produtor e produto das suas relações sociais.
Falando ainda sobre essa fluidez, dita como excessiva por muitos.
“Hoje em dia tudo é mudança, tudo muda. O homem é mudança, não existe regularidade, é tudo um constante devir”
Alto lá! Quem disse que somos SÓ mudança? Não é porque o que vemos refletido por ai a fora são relações pessoais vazias de existência, que precisamos – emprestando a palavra de professores meus - “jogar o bebê com a água do banho fora”.  Temos que ter no horizonte de que somos constituídos de diferenças pessoais, somos sim devir, entretanto em nossa relação conosco e com o mundo temos pontos de partida e de chegada, ou seja, temos constâncias. Entretanto, o que nos importa aqui é o que será feito no percurso entre um ponto e o outro, esse percurso eu vou dar o nome, emprestando agora a fala de Heidegger, de projeto existencial. Traçamos planos futuros, mas, nos esquecemos que para chegar até eles nós vivemos o presente, e é aqui, no presente que nossas ações fazem sentido e são refletidas.
Já nos foi dado à possibilidade de mudança que sempre foi inerente ao homem, porém devido a motivos que todos conhecemos, de opressão, censura, essa noção era usualmente esquecida. Não somos maquinas, porém também não somos o caos. Aqui, pra mim, é onde se encontra a melhor parte de nós: podemos conhecer os costumes uns dos outros, podemos saber o que cada um gosta o que cada um prefere e como agir com determinadas pessoas, porém, temos sempre a possibilidade da surpresa, do novo.
Portanto, não desperdicem a oportunidade de escreverem uma história diferente por acharem que a mudança é uma doença e que só o que importa é a constância. Mesmo que tenhamos uma sensação de segurança com a constância, perdemos a possibilidade de experimentar coisas que poderiam nos proporcionar sensações que vão além daquilo que costumeiramente temos no cotidiano. 

terça-feira, 26 de julho de 2011

O novo, o credo. A fé que você deposita em você.

As palavras formam textos, frases, ou até mesmo pequenas expressões que podem representar muito mais do que ali está escrito. Palavras podem magoar, assim como a sua ausência.
 Vamos, venha cá comigo, preciso de um abraço, de um chamego..  de um afago no cabelo.
 Sim, eu sei que estás chateado, inseguro e desconfiado. 
 Sei que estás com medo de seus fantasmas passados e de cenas que insistem em se repetir.
Mas ei, pare com isso. Não sabes que nada na vida se repete da mesma forma? Nunca ouviu aquele ditado de Heráclito de que um homem nunca se banha no mesmo rio duas vezes, pois, nem ele e nem o rio são mais os mesmos? Não vês que os personagens são outros e que há muita coisa em jogo nessa mini-série que insistes em criar?  
 Vai me dizer que a vida não lhe deu na cara o suficiente pra saber que nem tudo o que pensas é verdade?

 Não entras na defensiva agora, me escute, pois também quero desabafar.
Sei que me aguentas em minhas crises e tens a paciência que por vezes eu não tenho, mas, eu errar lhe dá o direito de seguir o mesmo caminho? Sei que a resposta é sim, porém, por que se orgulhas em dizer que se eu fiz, tu também podes fazer, sendo que o máximo que isso nos trará são noites em claro e pensamentos inquietantes? Gosta de ver em mim a contínua ansiedade que sabes que eu tenho sempre que algo fica mal resolvido entre nós?

Grosserias não me amedrontam e não me fazem achar que sou eu a culpada, sabe?
Pare. Não me venha dizer que sou orgulhosa, ao menos sabe o que é isso, orgulho? Lidas bem com o seu? Sim sim, sei que lidas como pode. Não estou dizendo que você não se esforça muito menos que eu sou perfeita. Não precisa me jogar na cara que neste fim-de-semana suportou minhas crises de insegurança e ainda sim permaneceu de forma serena ao meu lado. Mas, por quantas vezes eu também não o fiz?

 Não, não estou pedindo mudança. Sei que ela virá na hora certa e do jeito que for necessária, só estou querendo dizer que conflitos assim deixam marcas e dependendo de sua intensidade, criam incertezas que podem criar raízes.
 Agora, por algum momento tu paraste pra pensar no que eu havia lhe dito, estarias tu irredutível? Pois bem. Não te esqueças que aqui quem fala é um coração que bate por ti, não por simples acaso, mas por escolha e vontade própria.


Agora, vou dormir ouvindo nada mais que o vento lá fora. É tarde, estou só com meus pensamentos, mais uma vez. Esperemos o outro dia, pois sim. Mas, e se esse outro dia não chegar? Não, não estou colocando um ponto final em nada, nunca faria isso sem um motivo que realmente merecesse, porém, a gente só tem agora pra ser e estar. O amanhã não existe ainda, daqui quinze minutos, não existem ainda.

Gostaria de dormir ouvindo o som de sua respiração, calma e tranquila que me acompanhou por todos estes dias, bem como a sua voz em meu ouvido dizendo que me ama. 
Sim, eu te amo e sempre vou te amar.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

E o orgulho pra nos esconder, do que prevalece em nós

Era tão simples e tão natural, que já havia se tornado comum ir ao encontro daquilo que lhe fazia tão bem.
Às vezes o futuro lhe parecia incerto, porém, quando que não o é? Incertezas sempre fizeram parte dos seus dias, seja na hora de levantar da cama, com a incerteza do que fará durante o dia, ou ainda na hora de dormir, com a incerteza de quais sonhos lhe acompanharão, se é que haverá algum. O fato é que não se tem certeza de nada até o momento em que se esta vivendo aquilo que se propôs a viver, quando os seus atos estiverem no presente e quando já tiver experienciado às consequências do mesmo. Sabendo disso tudo fica a pergunta: por que então o medo do depois, o medo do que pode vir a acontecer? Várias respostas, porém nenhuma parecia satisfazer totalmente, mas ainda sim a que mais lhe convenceu foi a de que, prioriza-se vontades, desejos, volições; essas incertezas diárias, muitas vezes mecânicas, são somente incertezas porque ainda não ocorreram, porém se olha-se  para elas de longe, sempre se repetem, cotidianamente, com uma ou outra mudança, mas, sempre previsíveis. Agora, e quando se trata de sentimentos? Quando se trata de sentimentos de outras pessoas? Bem, ai já é impossível acreditar que todos são relógios que funcionam automaticamente. Ai é que mora a insegurança, o medo, a incerteza. Muitas vezes não se tem clareza nem sobre o que se passa dentro de seu coração, como então pressupor o que o outro sente? Nesse enigma sem fim, a alternativa escolhida, ao se deparar com sentimentos tão seus que não sabia como jogá-los para fora, sem saber que ao sentir, já os jogava sem querer, a alternativa encontrada foi a de se deixar levar por eles. As emoções que lhe eram causadas em cada encontro, em cada gesto, foram moldando sua forma de agir, construindo assim sentimentos concretos (se é que existem) que se cristalizaram em si. Mas não, seu medo pelo amanhã ainda não acabou, ao contrário, seus medos agora tomam outra proporção, e é ai, nesse momento que conseguiu enxergar a melhor parte de tudo que andou lhe afetando. Sim, fala-se em afetos, em sentir, em desmistificar o sentir, em desterritorializar todas as seguranças e certezas que foram engessadas durante as suas vidas. Muda, deixa-se sentir da forma como o seu corpo bem entender, e sente-se muito feliz assim. Anda tendo bons encontros, tem sido feliz nesses encontros e não lhe parece real pensar que o futuro lhe reserva tristes incertezas, pois, ainda que o amanhã não lhe caiba, o seu hoje está valendo à pena, o seu hoje anda lhe completando, e no seu hoje esta deixando que lhe façam feliz. Seu único medo, e esse não há como se desvencilhar, esse não há como fingir que não está lá, é o medo de não conseguir fazer do seu sentimento, algo recíproco lá, algo recíproco nessa sua “fonte de felicidade”.
Nunca havia pensado nisso de sentimentos, nisso de não se apegar a eles e por consequência exigir um retorno. Mas, nem sempre o retorno vem, ou melhor, nem sempre ele vem de forma observável, o que não quer dizer que ele não está lá, só que cada um responde ao que sente, ou ao que não sente, de formas diferentes. Não aprendeu isso da melhor forma possível, muito menos consegue aplicar totalmente nos seus atos. O que sabe é que é movido por desejos e instintos egoístas e narcísicos, infelizmente, mas fazer o quê? Se conseguisse não se importar com cada ato não correspondido, com cada palavra não dita... mas, quem disse que tem que ser do jeito que se espera? Quem disse que vai ser do jeito que se espera? No entanto, como não esperar? Sua saída pra não cair nos empecilhos colocados por si mesmo é saber dos lindos momentos que já viveu, das coisas lindas que já ouviu. Tem tempo e paciência pra tudo que for necessário dentro daquilo que lhe faz bem, e que se recusa a abrir mão. Espera que lá, no seu varal, também estejam pendurados pedaços dos seus sentimentos, assim como cá estão no seu.


Principiando a conversa

O que é um texto senão um amontoado de palavras? E o que são as palavras senão um amontoado de letras? E as letras, não passam de borrões ordenados sempre da mesma forma, pra significar sempre à mesma coisa, nos proporcionando as mesmas letras que irão compor diferentes palavras, pra que assim possamos redigir um texto.
É um movimento sem fim, que aparenta uma organização racional, mas, não somos hoje escravos dessa tal racionalidade? O irracional é visto como desviante, como anormal, como diferente e é alvo de preconceito, de discriminação.
Partindo desse pressuposto eu me recuso a tratar as palavras como um instrumento de dominação pelo saber racional. Mostre-me um texto escrito sem estar no português culto, único aceito para publicação nos lugares chamados como “científicos”, aqueles mesmos onde as pessoas que não escrevem dentro da “magramática” correta do nosso português acreditam e orientam suas vidas; mostre-me esse texto todo cheio de erros e escrito de acordo com ditos populares e ainda sim mais carregado de significado e emoção do que um ou outro artigo científico carregado de estatísticas.
Não desconsidero aquilo que é científico, só acredito que não é só porque aquilo não foi escrito por alguém renomado, que não tenha um sentido e um significado que vale a pena ler e entender. Afinal, acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz.
Bem vindos ao mundo de alguém que aprende e reaprende significados dia após dia.

Ouvindo: